sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FONOAUDIOLOGIA - quem somos.





     A Fonoaudiologia ou Foniatria, Terapia da fala, antes denominada logopedia é a ciência que tem como objeto de estudo as funções neurovegetativas (mastigação, deglutição e aspectos funcionais da respiração) e a comunicação humana, que é a função neurológica mais complexa que o sistema nervoso pode processar, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções estomatognáticas, orofaciais e na deglutição."
     O fonoaudiólogo é um profissional da saúde e atua em pesquisa, orientação, perícias, prevenção, avaliação, diagnóstica e tratamento fonoaudiológico na área da comunicação oral e escrita, voz, audição e equilíbrio, sistema nervoso e sistema estomatognático incluindo a região cérvicofacial. Este profissional tem ampla autonomia, não sendo subordinado ou mero auxiliar de outras áreas do conhecimento ou especialidades, pode atuar sozinho ou em conjunto com outros profissionais de saúde em clínicas, hospitais, centros especializados em diagnósticos, institutos gerais de perícia, centros de referência em saúde do trabalhador, como auxiliar do poder judiciário no âmbito das perícias judiciais que envolvem a área da audição, fala e linguagem, equilíbrio e demais áreas correlatas, nas esferas cível, trabalhista e criminal, em creches, escolas (comuns e especiais) e comunidades, incluindo o Programa de Saúde da Família, unidades básicas de saúde, unidades de referência para a média e alta complexidade de procedimentos do SUS, emissoras de rádio e televisão, teatro, atendimento domiciliar, empresas de próteses auditivas, indústrias, centros de habilitação e reabilitação, entre outros.
     A profissão possuiu seu Código de Ética, que elenca e disciplina os direitos, deveres e responsabilidades do Fonoaudiólogo, inerentes às relações estabelecidas em função de sua atividade profissional. De acordo com o código de Ética da fonoaudiologia, no Brasil, constituem direitos gerais dos Fonoaudiólogos inscritos nos Conselhos Regionais de Fonoaudiologia, nos limites de sua competência e atribuições:
1.   Exercício da atividade sem ser discriminado;
2.   Exercício da atividade com ampla autonomia e liberdade de convicção;
3.   Avaliação, solicitação, elaboração e realização de exame, diagnóstico, tratamento e pesquisa, emissão de parecer, laudo e/ou relatório, docência, responsabilidade técnica, assessoramento, consultoria, coordenação, administração, orientação, realização de perícia e demais procedimentos necessários ao exercício pleno da atividade;

4.   Liberdade na realização de estudos e pesquisas, resguardados os direitos dos indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos;

5.   Liberdade de opinião e de manifestação de movimentos que visem a defesa da classe;
6.   Requisição de desagravo junto ao Conselho Regional de Fonoaudiologia da sua jurisdição, quando atingido no exercício da atividade profissional;

7.   Consulta ao Conselho de Fonoaudiologia de sua jurisdição quando houver dúvidas a respeito da observância e aplicação deste Código, ou em casos omissos.  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Piaget, Vygotsky e Wallon – Tripé teórico da Educação.


Jean PIAGET
Pesquisar como alguém incorpora um novo conhecimento, como o constrói foi o pontapé inicial de sua “teoria”. Postula que ao se deparar com algo novo, o indivíduo tenta remetê-lo a qualquer coisa com que já tenha tido contato, que já conheça. Imaginemos que nossa cabeça fosse um gavetão de arquivos, com várias pastas suspensas (que antigo, isto nem é mais usado!) onde categorizamos tudo aquilo que sabemos. Assim que temos contato com algo novo, é como se abríssemos este gavetão para procurarmos algo similar, parecido, nas pastas suspensas (categorias) que já possuímos, mas não encontramos nada similar. A esta primeira estranheza do novo, Piaget nomeou assimilação, isto é, reconhecer alguma coisa como diferente do que eu já conheço. A partir deste reconhecimento, do contato com a novidade, da experimentação, o indivíduo refina seus conhecimentos e incorpora uma nova informação, o que proporciona a criação de um novo conceito, nova categoria, o surgimento de uma nova pasta suspensa em nosso gavetão (ou a criação de uma subpasta). A esta nova partição criada, organizada, sistematizada Piaget chama de esquema. Incorporado novo esquema mental, assume-se a acomodação, que define um conhecimento aprendido, incorporado, introjetado.
Vejamos um exemplo:
Uma criança de dois anos e meio conhece diferentes cachorros: pretos, marrons, brancos, de pequeno, médio e grande portes, manchados, lisos, de pelo curto, de focinhos gelados, rabos grandes, etc. Já tem criado em seu gavetão o esquema mental “cachorro”. Numa determinada situação esta criança se depara com um cavalo. Abre seu gavetão mental e procura algo similar. O que tem de mais parecido é o “cachorro”. Neste momento chama o cavalo de “cachorro gigante, ou mamãe cachorro que comeu demais”, entre outras hipóteses. O que importa é que ela tentará “ligar” o cavalo aos animais que já conhece. Como seu repertório é pequeno, precisará lançá-lo ao conhecido: o cachorro. A intervenção de alguém mais experiente é essencial: é ele quem possibilitará novo olhar para este pseudo-cachorro, com perguntas que permitam desafios, problemas para a criança:
- Este animal é mesmo um cachorro? Perceba seu focinho. É igual ao do cachorro? E seu corpo, já tinha visto um cachorro deste tamanho? E as unhas? O rabo é do mesmo tamanho? Etc.
Enfim, questionamentos simples farão com que a criança perceba que este já não se trata de um cachorro, que ele não se enquadra neste esquema mental. Isto representa assimilação.
Depois de algumas experiências com cavalos, desenhos, leituras, visualizações, comparações a criança conseguiu criar nova categoria – cavalo. O reconhecimento do cavalo equivale ao conceito de acomodação. Agora a criança já sabe o que é cavalo e o que é cachorro.
Toda esta seqüência acontecida, do olhar algo novo a apreendê-lo, é o definido como processo de equilibração, para Piaget. Recapitulando:
1.Criança conhece cachorro – está na chamada zona de equilíbrio, de conforto.
2. É apresentada a um cavalo – tenta categorizá-lo como cachorro, mas não consegue, é diferente – zona de desequilíbrio, de desconforto.
3. De tantas experiências com um cavalo, aprende a categorizá-lo – zona de equilíbrio, de conforto novamente.
A função do professor nesta perspectiva é “desequilibrar os esquemas mentais do aluno”, oferecer desafio compatível àquilo que conhece. É necessário um mecanismo contínuo de sondagem dos conhecimentos prévios dos alunos para perceber necessidades de intervenção.
Piaget organizou também os chamados estágios de desenvolvimento, que determinam o nível maturacional da criança, quais suas apropriações de acordo com seu tempo. Suas principais características:
1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)
§  Período de percepção, sensação e movimento.
§  É regido pela inteligência prática.
2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
§  Função simbólica – linguagem – comunicação
§  Egocentrismo (reconhece, assume, percebe o seu ponto de vista)
§  Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação – finalismo
§  Jogo simbólico = faz de conta, imaginário
§  Animismo – características humanas a seres inanimados
§  Realismo – materializar suas fantasias
§  Artificialismo – explicar fenômenos da natureza através de atitudes humanas
3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
§  Reorganiza, interioriza, antecipa ações
§  Diferencia real e fantasia
§  Estabelece relações e admite diferentes pontos de vista
§  Tem noções de tempo, velocidade, espaço, causalidade
4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
§  Esquemas conceituais abstratos
§  Valores pessoais

Lev Semenovitch VYGOTSKY
Vygostsky tem como palavra-chave interação social, o que implica dizer que o desenvolvimento do indivíduo se dá através da relação com o outro, com o mundo.
O conceito de mediação simbólica trata do conceito de intermediação, da relação homem-mundo, que acontece através de duas formas:
a) Instrumentos: objetos, ferramentas criadas pela necessidade de intervenção do homem no mundo – ação. Se toda produção do homem é cultura, a encara como alargadora de possibilidades. Exemplo: o homem precisava percorrer grandes distâncias, inventou o avião, o navio, claro que o que não está em questão é o tempo que se levou para a constituição final destas invenções, mas sim, da necessidade atendida através da idealização.
b) Signos / símbolos: são representações. Exemplo: o símbolo de masculino e feminino. Sentido, significado objetivo. Esta é a primeira categoria. Na segunda, os símbolos demandam abstrações mais elaboradas, internalizadas, reflexivas. Exemplos: noção de tempo. E quando dizemos a palavra mesa. Uma pessoa que escuta já traz em sua memória um desenho qualquer de mesa, a idéia do que é uma mesa, para que ela serve.
A linguagem, contemplada como instrumento do pensamento, tem duas funções:
Comunicação: expressão, intercâmbio social.
Categorização: de classificação, conceituação do mundo: representa inteligência prática.
Zona de desenvolvimento proximal
Conceitos atrelados: conhecimento real e conhecimento potencial
Conhecimento real é aquele em que há o domínio, aquilo que se conhece, sabe, articula. É passado. Exemplo: sei fazer arroz.
Conhecimento potencial é aquele que se pode dominar com a ajuda de outro mais experiente, por exemplo: apesar de saber fazer arroz, só consigo fazer risoto com a ajuda de minha avó, pois ela organiza toda a seqüência da receita para que eu não me perca.
A distância entre o conhecimento real e o conhecimento potencial é chamada de zona de desenvolvimento proximal. É o “lugar imaginário” onde o professor deve atuar no aluno. Se tivermos 42 alunos numa sala de aula, teremos 42 z.d.ps diferentes.

Henri WALLON
Defendeu a idéia da compreensão da criança completa, concreta, contextualizada, vista de forma integral, isto é, não mais encarada como um adulto em miniatura, mas sim, como um ser numa etapa de especificidades. Segundo ele são quatro os campos funcionais que visualizam a criança de modo “integrado”:
1. As emoções: manifestação afetiva, relação = interação criança e meio onde está inserida.
2. O movimento: primeiro sinal de vida psíquica. Vislumbrada em duas dimensões:
a) expressiva: base das emoções, de expressão.
b) instrumental: ação direta sobre o meio físico, concreto. Voluntário.
3. A inteligência: 1º momento = sincretismo = misturar as coisas, confusão = não separa qualidade do objeto. Exemplo: criança de dois anos que tem um colega cujo nome da mãe é o mesmo da sua, não aceita a idéia (o nome Maria é da sua mãe, não da mãe do outro).
Com as experimentações da criança sobre o mundo, progressivas diferenciações ocorrem, o que proporciona o ampliar de seu repertório de categorizações. Isto não quer dizer que nunca mais, após a infância, estejamos sujeitos ao “sincretismo”. As grandes invenções, as diferentes idéias surgem de momentos de sincretismo, de mistura, de confusão, de possibilidades, de criatividade.
2º momento = pensamento categorial = conceitual (acontece na idade escolar) possibilidade de pensar o real por meio de categorias, diferenciações, classificações.
4. A contrução do “eu” como pessoa: Como constrói a consciência de si.  Inicialmente o indivíduo está na fusão emocional – No útero materno, necessidades alimentares ou posturais têm satisfação automática. Pós nascimento mamãe e bebê ainda são encarados como um todo, o que representa para WALLON alto grau de sociabilidade – ela e outro = um só, para depois o indivíduo perceber-se enquanto único, o que nomeia processo de individuação.
É caracterizado de duas formas:
- imitação do outro = maneira de “incorporar o outro”, o outro como modelo, referência.
- negação do outro = para perceber o limite “eu-outro” manifesto meu ponto de vista através de condutas de oposição, o que representa a expulsão do outro em si mesmo.
Picos desta constituição acontecem com 3 e 13 anos, aproximadamente, apesar da considerar que esta diferenciação “eu-outro” nunca é completa, total, ocorre durante toda a vida.
Pode-se assumir, segundo WALLON que a relação destes quatro campos funcionais não é sempre de harmonia, mas sim, de conflito.