quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Disfagia: Causas, Classificação e Tratamento.



A deglutição é uma ação complexa que ocorre de maneira contínua e automática. Para melhor compreensão foi dividida em fases: Fase Preparatória; Fase Oral; Fase Faríngea e Fase Esofágica.

Fase Preparatória: seria a mastigação e a preparação e organização do bolo alimentar para que o mesmo seja transportado para a faringe e em seguida para o esôfago. (voluntária)

Fase Oral: é ainda voluntária, onde ocorre a elevação e impulsão do bolo alimentar em direção aos pilares amigdalianos anteriores e à faringe, iniciando o reflexo de deglutição.

Fase Faríngea: representada pelo reflexo faríngeo, esta é a fase mais complexa da deglutição, porém tem duração total de apenas um segundo.

Fase esofágica: esta fase é completamente involuntária, iniciando a passagem do alimento pelo esfícter esofágico superior. Existem duas ondas peristálticas (movimentação involuntária do esôfago que carrega o alimento), uma que vai da faringe para o esôfago e outra que vai do esôfago para o estomago.

A deglutição tem sido tratada pelos fonoaudiólogos há muitos anos, inicialmente por causa da oclusão dentária. Mas com o passar do tempo o trabalho fonoaudiológico se expandiu, muitos fonoaudiólogos foram trabalhar nos hospitais e nesse novo ambiente de trabalho outras alterações foram mais bem compreendidas, como a Disfagia.

Afinal o que é Disfagia?

A disfagia pode ser resumida como a dificuldade na deglutição, a inabilidade de ingerir ou transportar nutrientes vitais ou secreções endógenas ao corpo humano. Não é uma patologia em si, e sim parte da sintomatologia clínica de diversas doenças tanto da orofaringe quanto sistêmicas.



Causas da Disfagia

A disfagia, decorre de traumas, câncer ou outras doenças destrutivas, dentre outras patologias. Esse tipo de disfagia em pacientes neurológicos, também é conhecido como Disfagia Orofaríngea Neurogênica.

A disfagia orofaríngea neurogênica pode ocorrer devido ao AVE, Traumatismo Cranioencefálico, Doença de Parkinson, Paralisia Cerebral, Doença de Alzheimer, Doenças Neuromusculares, Doenças do Neurônio Motor, Esclerose Múltipla, Doenças da Junção Neuromuscular, Miopatias, e muitas outras patologias.

As pessoas com problemas neurológicos freqüentemente apresentam dificuldade na deglutição.

As causas incluem a obstrução mecânica e os distúrbios na motilidade dosmúsculos da cavidade oral, da faringe ou esôfago. É útil distinguir a disfagia causada por doenças que afetam a orofaringe daquela que é devida a distúrbios esofágicos. Tipicamente, a obstrução mecânica é caracterizada inicialmente pela disfagia a sólidos e a orofaringea predomina a dificuldade de deglutir líquidos.

A causa pode estar associada a doenças neurológicas como paralisia cerebral,afasias e apraxias comuns no AVC mais conhecido como derrame, traumatismo craniano e diversos tipos de distrofias musculares. Neoplasias devem ser sempre investigadas dependendo do tipo de sintomatologia predominante e dos fatores de risco associados.



Classificação do Grau de Disfagia

A classificação é proposta conforme a gravidade do distúrbio de deglutição e direciona o fonoaudiólogo na tomada de condutas. Assim, deve-se seguir o raciocínio clínico proposto nas especificações dos itens do protocolo, de acordo com os sinais apresentados pelo paciente. Para a classificação da disfagia, é necessário que o paciente apresente pelo menos um sinal que o diferencie do nível anterior. 

Nível I. Deglutição normal: A alimentação via oral completa é recomendada.

Nível II. Deglutição funcional – Pode estar anormal ou alterada, mas não resulta em aspiração ou redução da eficiência da deglutição, sendo possível manter adequada nutrição e hidratação por via oral. Assim, são esperadas compensações espontâneas de dificuldades leves, em pelo menos uma consistência, com ausência de sinais de risco de aspiração. A alimentação via oral completa é recomendada, mas pode ser necessário despender tempo adicional para esta tarefa.

Nível III. Disfagia orofaríngea leve – Distúrbio de deglutição presente, com necessidade de orientações específicas dadas pelo fonoaudiólogo durante a deglutição. Necessidade de pequenas modificações na dieta; tosse e/ou pigarro espontâneos e eficazes; leves alterações orais com compensações adequadas.

Nível IV. Disfagia orofaríngea leve a moderada – Existência de risco de aspiração, porém reduzido com o uso de manobras e técnicas terapêuticas. Necessidade de supervisão esporádica para realização de precauções terapêuticas; sinais de aspiração e restrição de uma consistência; tosse reflexa fraca e voluntária forte. O tempo para a alimentação é significativamente aumentado e a suplementação nutricional é indicada.

Nível V. Disfagia orofaríngea moderada – Existência de risco significativo de aspiração. Alimentação oral suplementada por via alternativa, sinais de aspiração para duas consistências. O paciente pode se alimentar de algumas consistências, utilizando técnicas específicas para minimizar o potencial de aspiração e/ou facilitar a deglutição, com necessidade de supervisão. Tosse reflexa fraca ou ausente.

Nível VI. Disfagia orofaríngea moderada a grave – Tolerância de apenas uma consistência, com máxima assistência para utilização de estratégias, sinais de aspiração com necessidade de múltiplas solicitações de clareamento, aspiração de duas ou mais consistências, ausência de tosse reflexa, tosse voluntária fraca e ineficaz. Se o estado pulmonar do paciente estiver comprometido, é necessário suspender a alimentação por via oral.

Nível VII. Disfagia orofaríngea grave – Impossibilidade de alimentação via oral. Engasgo com dificuldade de recuperação; presença de cianose ou broncoespasmos; aspiração silente para duas ou mais consistências; tosse voluntária ineficaz; inabilidade de iniciar deglutição.



Tratamento das Disfagias

O tratamento baseia-se nas intervenções na causa base da disfagia que, frequentemente, é representada pelo tratamento das doenças associadas.

As condutas devem ser dadas de acordo com a classificação da disfagia e incluem a indicação de: (a) via alternativa de alimentação, como as sondas enterais e gástricas; (b) terapia fonoaudiológica, podendo ser direta (com alimento) e/ou indireta (sem alimento) e; (c) alimentação via oral assistida pelo fonoaudiólogo, de acordo com a seleção das consistências. As propostas de conduta baseadas na classificação da disfagia estão a seguir:
Para os níveis I e II, a conduta será (c);
Para os níveis III, IV e V, a conduta será (a) + (b) + (c) e
Para os níveis VI e VII, a conduta será (a) + (b).

Fonte: Rev. soc. bras. fonoaudiol. vol.12 no.3 São Paulo July/Sept. 2007

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

VOCÊ SE IDENTIFICA COM A FONOAUDIOLOGIA?

O fonoaudiólogo é um profissional da área de saúde que costuma trabalhar de perto com outras especialidades no diagnóstico e tratamento de distúrbios de comunicação. Se você se interessa por entender quais são os mecanismos da linguagem e ajudar quem tem dificuldades com eles, a carreira de Fonoaudiologia pode ser a melhor opção. Faça o nosso teste de descubra se esta é a profissão certa!

Questionário vocacional educativo elaborado com a colaboração da coordenadora de curso de Fonoaudiologia da PUC-SP, Maria Cecília Bonini Trenche.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA HOSPITALAR E EM HOME CARE



Muito se discute sobre a atuação do fonoaudiólogo no hospital e em Home Care. Quais suas metas, qual a diferença entre o fonoaudiólogo hospitalar e o fonoaudiólogo clínico, qual deve ser a metodologia de seu trabalho e qual o preparo especial este profissional deve ter sobre os outros.

Sabemos atualmente que a Fonoaudiologia está se consolidando e criando uma identidade própria como ciência. O desenvolvimento e expansão são conseqüência direta do sucesso e empenho dos profissionais, que através do trabalho refletem adequadamente a abrangência da fonoaudiologia aos integrantes do corpo hospitalar, além de favorecer benefícios e trazer modernidade ao tratamento.

O espaço do Fonoaudiólogo dentro do Hospital/ Home Care é grande, porém ainda pouco afirmado (ou confirmado?), por ser um novo procedimento, e como tal, ainda pouco divulgado. O âmbito hospitalar/ Home Care ainda encontra-se acanhado ao fonoaudiólogo pela falta de oportunidade dada pelas Instituições, mesmo sabendo que a atuação reduz sensivelmente as perdas e danos que hospitalização trás ao paciente.

Nestas últimas décadas, a fonoaudiologia vem se afirmando, em seu contexto, como profissão que efetivamente se integra às diversas áreas da promoção da saúde geral do indivíduo (SOUZA, TANIGUTE & TIPPLE, 2000).

O ambiente hospitalar/ Home Care favorece uma série de práticas impossíveis ou dificilmente realizadas fora deste contexto. O trabalho é realizado com o paciente no leito, ainda em breve recuperação e apresentando um quadro, por vezes, grave de algumas patologias. Em alguns momentos o trabalho se inicia com a patologia num estágio ainda agudo, com o paciente fazendo uso de drogas (e seus efeitos), ou então, com ação de sedativos, estando o fonoaudiólogo preparado para dominar estes aspectos e possuir uma visão mais crítica, minimizando erros no diagnóstico.

A diferença primordial do tratamento hospitalar do clínico não se dá pelo ambiente de atuação, mas pelos procedimentos peculiares aplicados na reabilitação, além do manuseio de equipamentos e linguagem diferenciada apresentada.

O fonoaudiólogo que atua no hospital/ Home Care se vê obrigado a saber manipular traqueostomias e cânulas, sondas de alimentação enteral, curativos, materiais estéreis, equipamentos (respiradores, oxímetros, encubadoras, aspiradores), sendo alguns detalhes diferenciais, frente ao fonoaudiólogo clínico.

Muito se tem discutido sobre o tema, porém ainda existem poucos estudos publicados. Sabemos da eficácia do programa de atendimento hospitalar/ Home Care e da atuação em massa do fonoaudiólogo dentro destes ambientes em todo o País.

Em estudo realizado no Hospital Dr. José Frota (Ceará), durante o período de fevereiro a março, foram avaliados 50 pacientes, destes, 26 necessitaram de atendimento fonoaudiológico no leito, 18 por acometimento do tipo afasia e 8 por disfagia (MOURÃO & PINTO, 2000).

Em outro estudo no supra citado hospital, definiu-se o trabalho do fonoaudiólogo no leito como importante e benéfico, sugerindo mudanças de características na atuação interdisciplinar, beneficiando a população carente e promovendo um maior bem estar ao paciente (LEITÃO & PINTO, 2000).

Outros estudos mostram a importância na atuação do fonoaudiólogo no leito neonatal, enfatizando a necessidade de um rápido e eficiente diagnóstico fonoaudiológico (BORBA, 2000), também em pacientes portadores de disfagia orofaríngea (BORBA & CORREIA, 2000 e BORBA, 2000).

Também vale ressaltar a importância da continuidade do gerenciamento fonoaudiológico, após a alta hospitalar realizada como home care, apostando no gerenciamento como um avanço no tratamento da reabilitação desempenhado por profissionais capacitados, personalizando o tratamento dos pacientes (BORBA, 1999).

Demonstrativos de gastos com apoio ao leito por centro de custos da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro, no período de novembro e dezembro de 1999, afirmam a eficácia da fonoaudiologia hospitalar em várias unidades, com otimização e redução direta e indireta dos custos de internação, em comparação a outras instituições que não possuem estes procedimentos.

O mesmo estudo mostra a intervenção do fonoaudiólogo nos Serviços de emergência, clínica médica, pediatria, enfermaria de curta permanência adulta, CTI adulta, Unidade Intensiva (UI) e neurocirurgia (PREFEITURA DO RIO, SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 1999).

Podemos definir como outra característica do fonoaudiólogo Hospitalar, o entendimento do funcionamento clínico e administrativo do Hospital, com adequação da linguagem e adaptação à metodologia de reabilitação, que neste caso chamamos de gerenciamento fonoaudiológico, podendo dar continuidade e estender seus conhecimentos aos serviços de Home Care, adequando-se a maior transparência do atendimento e características peculiares da atuação.

O fonoaudiólogo realiza um pronto atendimento no leito, com cuidado imediato das sequelas, além da preparação dos cuidadores e corpo da enfermagem em alguns procedimentos, com imediata melhora ou redução de alguns sinais, para após a alta hospitalar, realizar posterior encaminhamento, caso seja necessário, ao atendimento clínico (LUZ, 2000).



No gerenciamento fonoaudiológico (Hospitalar e Home Care), são fornecidos dados de simples aplicação e manuseios técnicos aos cuidadores, que passam a agir de forma intensiva em busca de resultados benéficos e com maior brevidade. Os familiares passam a assumir o papel de cuidadores, se beneficiando com a responsabilidade oferecida, deixando de simplesmente assistir a evolução do tratamento, passando também a compreender ativamente e participar da recuperação. Do mesmo modo, o feedback oferecido ao fonoaudiólogo passará a ser positivo, pois a partir de um melhor esclarecimento e compreensão do cuidador, serão obtidos dados mais fidedignos e com maiores subsídios, ajudando a traçar um melhor prognóstico do caso.

O custo de aplicação do programa de gerenciamento hospitalar é relativamente baixo para a instituição, tratando-se de procedimentos clínicos, ocasionando numa redução direta de gastos com materiais e profissionais especialistas, além de evitar recidivas e promover o controle de infecção hospitalar.

O crescimento e absorção da verdadeira identidade, está se definindo e atualmente o trabalho fonoaudiológico hospitalar e em Home Care, não se restringe a qualidade de vida, mas a manutenção da vida, possibilitando muitas vezes, a diminuição de complicações e redução do tempo de permanência no internamento, o que implica numa redução direta de custos para o mesmo, devido ao aumento de rotatividade e oferta de leitos.

O campo de atuação do fonoaudiólogo cresce a cada dia, renovando seus conceitos e pensamentos, mostrando a real importância da comunicação à sociedade, demonstrando a necessidade do trabalho do fonoaudiólogo, além de abrir novas perspectivas de atuação aos jovens e futuros profissionais.

Atualmente o fonoaudiólogo atua em áreas afins, sendo responsável pela propedêutica de reabilitação nos setores de clínica médica, neurologia, otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço, neonatologia, pediatria, gerontologia, UTI's variadas, CTQ (Centro de Tratamento de Queimados), diagnóstico por imagem, gastroenterologia, genética, entre outros.

A gama de seqüelas atendidas pelo profissional fonoaudiólogo é muito grande, por ser uma área que tem despertado grande interesse dos profissionais. A grande dificuldade se dá, devido à adaptação aos cuidados essenciais utilizados na clínica, unidos a fatores de preservação da integridade e normas de biossegurança hospitalar.

Para estar inserido num ambiente de atendimento a casos mais graves, o fonoaudiólogo, como qualquer outro profissional, necessita de conhecimentos prévios de primeiros socorros, além de noções contra contaminação hospitalar.

Para prevenção das infecções, são necessárias medidas de proteção à contaminação, e controle de transmissão interpacientes. As primeiras medidas de prevenção, foram adotadas em 1700, nos E.U.A., e sua evolução se deu na propagação dos cuidados de antisepsia, em 1860, quando o médico Ignês Semmelweis, propôs após observações no Lying Hospital de Viena, o método de lavagem das mãos, que é até hoje a prática mais importante (MARQUES, 1999), utilizada e difundida pelos profissionais de saúde, devendo o fonoaudiólogo se adequar mais intensamente a estes procedimentos ao se inserir no campo..

Ao fonoaudiólogo cabe adotar regras pré-existentes nos hospitais, seguindo a risca todas as medidas, tendo consciência que a prevenção deve ser realizada pelo tipo de procedimento utilizado e modo de contágio das doenças, além da correta desinfecção dos materiais e lavagem das mãos pré e pós-atendimento de cada paciente.

Atualmente é crescente o número de Serviços de Fonoaudiologia Hospitalar bem definidos, diferindo-se em perfis de abrangência de atuação, formas de vínculos empregatício e especialidade em que está inserida. A Equipe de Fonoaudiologia trabalha exclusivamente com procedimentos peculiares à área.

Não pode ser esquecido que o objetivo maior do tratamento fonoaudiológico, seja no hospital/ domicílio ou no consultório, deverá ser sempre de (re)introdução do paciente na sociedade. Todo o respeito do trabalho fonoaudiológico, só pode ser definido através da atuação e interdependência de centros hospitalares modernos e integrados com o presente, além de empresas de Home Care que cultivam o bem estar dos seus pacientes, que tenham o desejo mútuo de crescer e se sobressair sobre os concorrentes com um vantajoso diferencial, nunca esperando o tempo passar, sempre pensando no bem estar do paciente internado, unido ao retorno financeiro à instituição.