domingo, 9 de dezembro de 2012
Programação para o mês de dezembro de 2012.
08/12 - Avaliação Audiológica Básica & Doenças do Sistema Nervoso
(conteúdo para a prova) .
09/12 - Dia do Fonoaudiólogo.
15/12 -Retomada do Projeto AFASIA .
22/12 - Encontro & Confraternização do Grupo de Estudo Científico Beabá da Fono.
* A programação poderá sofrer alterações de acordo com a necessidade do grupo.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
DEL - Distúrbio Específico de Linguagem
Diagnóstico
precoce do Distúrbio Específico de Linguagem é essencial para reabilitação das
crianças
Problema acomete entre 5% e 7% de cada mil bebês nascidos.
O Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) se caracteriza pela dificuldade em
adquirir e desenvolver habilidades de linguagem, sendo mais frequente em
crianças, e comumente relacionado, de forma indevida, à perda auditiva,
deficiência mental ou distúrbio do desenvolvimento, síndrome ou alteração
sensorial, déficit físico, distúrbio emocional severo, fatores ambientais
prejudiciais ou ainda lesão cerebral.
Entre 5% e 7% da população infantil, a cada mil nascidos, tem
o diagnóstico do DEL. É possível diagnosticar, com mais precisão, em crianças
entre 5 e 6 anos de idade, embora isso não ocorra de forma tão regular, o que
compromete o desenvolvimento de crianças em larga escala.
Mais que um mero número estatístico, o DEL tem reflexos
imediatos no aprendizado, desde o período inicial da educação formal, se
estendendo até a fase adulta, nas atividades de comunicação oral e /ou escrita.
Crianças com DEL, quando não diagnosticadas e tratadas
precocemente, têm dificuldades com a aquisição da escrita, e podem ser facilmente
confundidas com crianças disléxicas, em virtude de um diagnóstico incorreto, o
que pode resultar no fracasso da reabilitação.
Embora estudado e identificável, não existe ainda um
comprovação científica estabelecida para o DEL, justamente pela inexistência de
marcas biológicas que justifiquem o comprometimento de linguagem.
Por outro lado, há evidências da presença de um componente
genético determinante nesta patologia, ainda que de origem e localização
incertas.
Diagnóstico
O diagnóstico do Distúrbio Específico de Linguagem é
multidisciplinar e deve ser feito por exclusão, ou seja, descartando-se a
possibilidade de qualquer outra patologia. Na avaliação de linguagem,
examina-se a expressão e recepção de diferentes aspectos, como fonológico,
lexical, morfossintático, semântico e pragmático.
Características
principais do DEL:
· Dificuldade de linguagem expressiva e/ou receptiva, sendo a
compreensão normalmente melhor do que a expressão;
· Atraso na aquisição das primeiras palavras;
· Falha na discriminação dos fonemas;
· Frases mal elaboradas (algumas vezes sem artigos,
preposições ou concordância verbal);
· Fonologia, semântica, sintaxe e pragmática são atingidas em
graus diferentes.
· Uma mesma criança pode apresentar maiores problemas em
relação à fonologia num momento e em relação à semântica, num outro. Ou seja, o
quadro nem sempre é estável.
FONTE: www.clicrbs.com.br/saude
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Resolução do CFFA estabelece tempo mínimo de atendimento fonoaudiológico
A norma tem como objetivo respaldar o
fonoaudiólogo para que seu trabalho não seja pautado na quantidade de
atendimentos, mas na qualidade da assistência.
O Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) decidiu, por
meio de resolução, estabelecer o tempo de atendimento aproximado para pessoas
que necessitam de serviços fonoaudiológicos. De acordo com a Resolução nº 419 –
que já está valendo desde 1º de setembro de 2012 –, fica estabelecido que o
fonoaudiólogo, com jornada de trabalho de 6 horas, deverá realizar em média 8
atendimentos com duração aproximada de 40 minutos cada, individuais ou em
grupo, incluindo a realização de exames e testagens.
“A aprovação da norma tem como objetivo respaldar o
fonoaudiólogo para que seu trabalho não seja pautado na quantidade de
atendimentos, mas na qualidade da assistência”, diz a presidente do CFFa,
Bianca Queiroga.
Para ela, o paciente é prejudicado porque não recebe um
atendimento de qualidade, e o fonoaudiólogo fica sobrecarregado e não exerce
com plenitude o seu trabalho.
“O fonoaudiólogo que souber de alguma irregularidade pode
informar o caso ao Conselho Regional de seu estado para que seus dirigentes
tomem as providências”, aconselha Nise Cardoso, conselheira do CFFa.
Outras medidas
Nos casos de atendimento hospitalar e domiciliar, o
profissional poderá flexibilizar a duração de cada consulta de acordo com os
critérios de riscos, condições físicas e psicológicas dos pacientes. A
orientação serve para preservar a qualidade da assistência fonoaudiológica
prestada ao paciente.
Programação para novembro de 2012
03/11 - Recesso (ENEM).
10/11 - Neurologia de Cabeça e Pescoço (conteúdo para prova).
17/11 - Retomada do trabalho AFASIA INFANTIL.
24/11 - Estudo dirigido sobre a Atuação Multidisciplinar na Reabilitação da Afasia Infantil.
* A programação poderá sofrer alterações de acordo com a necessidade do grupo.
10/11 - Neurologia de Cabeça e Pescoço (conteúdo para prova).
17/11 - Retomada do trabalho AFASIA INFANTIL.
24/11 - Estudo dirigido sobre a Atuação Multidisciplinar na Reabilitação da Afasia Infantil.
* A programação poderá sofrer alterações de acordo com a necessidade do grupo.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Classificação das Afasias na Infância
A aquisição e o desenvolvimento dependem da integridade e do funcionamento normal e adequado de todo o sistema funcional neurológico.
A
capacidade que determina a possibilidade de falar e entender uma língua depende
da passagem de potenciais neuronais por inúmeros circuitos do sistema centro encefálico.
DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM EM
CRIANÇAS PEQUENAS
A denominação “distúrbios de
linguagem” diz respeito a comprometimentos no curso evolutivo da aquisição da
linguagem. Os distúrbios que mais comumente afetam o desenvolvimento da criança
pequena são os chamados “retardos de aquisição da linguagem”. Crianças
apresentando condições evolutivas favoráveis tendem a adquirir linguagem no
decorrer do segundo ano de vida, entre 1 e 2 anos de idade. Algumas crianças já
começam a ensaiar as primeiras palavras por volta do primeiro
aniversário. Outras começam mais tarde.
A
análise do chamado desenvolvimento normal se faz necessária porque pode nos
fornecer elementos para uma melhor compreensão dos distúrbios da linguagem e,
conseqüentemente, possibilitar a elaboração de um plano terapêutico mais
eficaz.
Falamos em crianças pequenas e em intervenção precoce. Sabemos que, realmente,
quanto mais cedo os problemas puderem ser detectados e tratados, maiores serão
as possibilidades de superação dos mesmos. Porém, infelizmente, temos visto
crianças que só procuram um atendimento fonoaudiológico quando já estão com 3
ou 4 anos de idade. Ora, também sabemos que o período esperado para a aquisição
de linguagem vai de 1 a 2 anos de idade. É difícil compreender como,
tendo tais crianças ultrapassado os 2 anos sem adquirirem linguagem, chegando
aos 3 ou até mesmo aos 4 anos sem terem desenvolvido as habilidades
lingüísticas esperadas, não tenham sido encaminhadas para um exame ou
tratamento fonoaudiológico.
Muitas
crianças, por volta do primeiro aniversário, começam a ensaiar suas primeiras
palavras. Porém, antes de chegarem a esta forma verbal de linguagem,
desenvolveram uma série de habilidades comunicativas mais gerais num plano
pré-lingüístico. Para que esse desenvolvimento comunicativo anterior ao uso das
palavras ocorresse e fosse garantindo o aparecimento de formas lingüísticas
mais evoluídas, algumas condições se fizeram necessárias.
Vamos apontar seis destes fatores determinantes do
desenvolvimento da comunicação infantil:
1.
A criança necessita ter uma razão ou motivo para se comunicar: uma
intenção.
2. Há
necessidade de se ter algo para comunicar: um conteúdo.
3. É
também necessário um meio de comunicação: uma forma.
4. Há
necessidade de se ter pessoas com quem se comunicar: um parceiro.
5. Há
que se terem condições favoráveis para a interação: uma situação ou contexto.
6.
A criança também necessita ter capacidades cognitivas favoráveis para
atuar sobre o mundo e compreendê-lo.
Temos
assim esboçado, seis importantes fatores que, combinados, asseguram ou criam
condições favoráveis para o desenvolvimento de capacidades comunicativas. Como
podemos notar, a comunicação tem, em sua origem, uma função nitidamente social.
A criança, interagindo com as pessoas e com as coisas, organiza experiências,
constrói conhecimentos, sente desejos, ou seja, elabora os conteúdos de sua atividade
mental e isto graças à sua atividade cognitiva. São estes conteúdos que irá
comunicar, por alguma razão: porque deseja um objeto que não está ao seu
alcance e quer expressar este desejo para que possa ter acesso ao objeto;
porque quer chamar a atenção para algo que está vendo acontecer e quer
partilhar com o adulto ou, ainda, porque quer chamar atenção sobre si mesma.
Para que tudo isto seja possível, isto é, a fim de que suas intenções,
experiências ou desejos sejam expressos, a criança necessita lançar mão de
alguma forma de comunicação que pode ser um meio verbal, ou não-verbal,
dependendo de suas possibilidades.
A
pessoa ou parceiro com quem a criança quer se comunicar pode ser alguém que
está próximo a ela. Mas não basta simplesmente a criança ter uma razão para se
comunicar e tomar a iniciativa. O adulto deve estar receptivo, atento, tem que
estar sensível aos esforços comunicativos que a criança está fazendo, tem que
ser capaz de atribuir significação aos mesmos e isto faz parte das condições
favoráveis para a interação.
Antes
de ser capaz de empregar recursos lingüísticos para a comunicação, a criança desenvolvem
meios não-verbais e isto acontece gradativamente graças às experiências
interativas que vai tendo com os outros. Desde seu nascimento, ela tem
oportunidades de tomar parte de eventos que possuem um caráter comunicativo,
que implicam em relações com as pessoas que estão ao seu lado. Como
conseqüência de tais vivências interativas e comunicativas, a criança vai adquirindo
formas de manifestar seus conteúdos mentais, assim como também vai
desenvolvendo estratégias para compreender os desejos e as intenções dos
outros.
AFASIA
Muitas
são as definições encontradas para este distúrbio e elas são de certa forma,
coincidentes. Entre elas, citamos a definição dada por COUDRY (1988)1 e a de
LAPOINTE (1977)2:
1 “A
afasia se caracteriza por alteração de processos lingüísticos de significação
de origem articulatória e discursiva (nesta incluídos aspectos gramaticais)
produzida por lesão focal adquirida no sistema nervoso central, em zonas
responsáveis pela linguagem, podendo ou não se associar a alterações de outros
processos cognitivos.”.
“A
afasia é um distúrbio lingüístico-simbólico.”.
Na
perspectiva neurológica = “afasia é a perda ou prejuízo da função da linguagem
causada por lesão cerebral” (Benson, 1998).
Na
perspectiva lingüística = “afasia é uma perturbação no processo de significação
em que há alteração em um dos níveis lingüísticos com repercussão em
outros. Causada por lesão adquirida no SNC em virtude de AVCs, TCEs ou
tumores, a afasia é em geral acompanhada por alterações de outros processos
cognitivos (agnosias, apraxias, discalculia, etc.) e de outros sinais neurológicos
(como a hemiplegia, por exemplo)”. (“Coudry & Possenti, 1993)”. Compromete
um nível lingüístico, que consequentemente compromete os outros níveis
lingüísticos. (perda da linguagem).
40 FonoNo início do estudo destes
“distúrbios de linguagem” decorrentes de lesões cerebrais houve necessidade de
se conhecer amplamente as manifestações, e, a partir desta necessidade, surgiu
um grande número de definições dos quadros e de taxonomias. Atualmente, com
exceção do quadro de afasia progressiva primária, recentemente descrita
enquanto entidade clínica (MESULAM, 1982), todos os outros quadros foram
amplamente descritos. No entanto, tentar “colocar” o sujeito afásico num destes
quadros com o intuito de “realizar o diagnóstico” pode não trazer,
necessariamente, resoluções para a atuação terapêutica. No entanto, é
interessante conhecê-las e elas possuem utilidade principalmente quando
realizamos a discussão multidisciplinar, sendo importante que todos tenham
noção das manifestações que estão presentes nos quadros, quando certa
nomenclatura é utilizada.
Antes
de entrarmos na classificação propriamente dita, vamos definir os sintomas que
podem estar presentes nos quadros:
Desvio fonético ou parafasia fonética –
É uma alteração de fala, caracterizada por uma distorção na produção dos
fonemas, sendo estes mal pronunciados.
Desvio fonêmico – É
uma alteração caracterizada por uma inadequação na seleção do fonema ou na
combinação dos fonemas na cadeia da fala. Tal alteração pode se manifestar como
trocas, omissões, acréscimos de fonemas ou de sílabas. É também chamado de
parafasia fonêmica, em substituições como em cavalo por cajalo/vacalo, entre
outras possíveis; e de parafasia verbal formal, quando a troca, substituição,
omissão ou acréscimo origina outra palavra da língua, no entanto, é importante
ressaltar que esta não é uma troca semântica. É o que ocorreria na ocorrência
de “calo” na tentativa de emissão de cavalo, de “mato” ou “gato” na tentativa
de pato. Estas mesmas manifestações, quando ocorrem na escrita, são chamadas,
respectivamente, de paragrafia literal e paragrafia verbal formal ou grafêmica.
Estereotipias – Repetições
perseverativas e involuntárias de um determinado comportamento. Elas podem
ocorrer na comunicação oral e/ou na gráfica e, às vezes, a estereotipia é uma
palavra ou expressão conhecida ou também pode ser uma seqüência fonêmica ou
grafêmica sem significado. Por exemplo, um sujeito que ao falar só emite “opa”
e outro que ao falar só emite “untá”; um sujeito que na escrita, independente
do estímulo solicitado, só emite “iea” e outro, que sempre assina o nome.
Agramatismo – É uma alteração na
estrutura sintáxica, caracterizada pela omissão de elementos gramaticais. Tais
alterações podem variar quanto à severidade, sendo mais comum à omissão de
elementos de classe fechada, que não têm representação extralinguística, como
artigos, preposições, conectivos, ou seja, as palavras gramaticais tendem a ser
eliminadas da fala, permanecendo as lexicais. GLEASON e cols. (1975) afirmaram
que a prosódia também deve ser considerada nas manifestações gramaticais “... a
influência de elementos prosódicos é determinante na aniquilação ou não de uma
palavra com função gramatical.” Tal manifestação pode ocorrer tanto na fala
quanto na escrita.
Redução –
Diminuição do número de enunciados numa unidade de tempo.
Parafasia semântica –
É uma troca de um vocábulo por outro, estando os dois relacionados semanticamente.
Por exemplo, o paciente ao tencionar dizer caneta, diz lápis. Quando os termos
têm relação semântica tão estreita como no exemplo dado, pudesse falar também
em desvio vocabular; quando o sujeito, ao tentar dizer uma palavra, a substitui
por uma frase, temos a paráfrase e para o mesmo exemplo dado ele poderia dizer
“aquilo com que se escreve”; e, finalmente, quando o indivíduo não consegue
acessar o léxico, permanecendo um vazio/lacuna em seu enunciado, temos a
anomia. Estes comportamentos também podem ser observados em provas específicas
como a de nomeação.
Neologismos – São
seqüências fonêmicas ou grafêmicas que obedecem às regras da língua,
assemelhando-se às palavras, mas que não existem na língua, não sendo
compreendidas pelos interlocutores e não estando dicionarizadas. Por exemplo:
“eu fui pegar um necape”; uma fala/escrita repleta de neologismos se torna um
jargão, incompreensível aos ouvintes e esta manifestação também recebe o nome
de jargonafasia – quando ocorre na fala, ou jargonografia – quando ocorre na
escrita.
Supressão – É ausência total de
uma emissão oral ou gráfica.
Em
suma, observa-se que as manifestações até então descritas são estruturais e
estão restritas às palavras e frases. Devem-se observar suas ocorrências, mas,
para se fazer uma avaliação, faz-se necessário também avaliar o nível
discursivo.
AFASIA ARQUIRIDA NA INFÂNCIA
Os
distúrbios da linguagem falada na infância podem ser divididos em distúrbios de
desenvolvimento e distúrbios adquiridos (Ludlow, 1980). Os distúrbios de
desenvolvimento são os que primeiro aparecem durante o surgimento da linguagem
(entre o nascimento e o primeiro ano de vida). Consequentemente, as crianças
com esse tipo de distúrbio nunca poderão ter um desenvolvimento normal da
linguagem. Embora normalmente se presuma que ele seja causado por alteração no
Sistema Nervoso, na maioria dos casos tem origem idiopática (causas
desconhecidas). Os distúrbios de desenvolvimento da linguagem falada podem, de
qualquer jeito, vir associados a perdas periféricas da audição, retardo mental,
paralisia cerebral, autismo, traumatismo de parto e falta de estimulação
essencial.
Os
distúrbios adquiridos de linguagem, por outro lado, são distribuídos na
linguagem falada que resulta de algum dano cerebral depois de começada a
aquisição da linguagem (Hecaen, 1976). Esse dano cerebral pode ter uma variedade
de etiologias, incluindo traumatismo craniano, tumor cerebral, acidente
vascular cerebral, infecções, crises convulsivas (epilepsia incurável) e
eletroencefalograma anormal (Miller et. Al., 1984). Consequentemente, essas
crianças começam a adquirir normalmente a linguagem e vai desenvolver-se até
que ocorra algum prejuízo.
Dos
dois tipos de distúrbios de linguagem que ocorrem na infância, o adquirido é o
que mais se assemelha aos distúrbios adquiridos de comunicação que ocorrem nos
adultos.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA AFASIA
NA INFÂNCIA
Crianças com distúrbio0s adquiridos de linguagem são classificadas como tendo
afasia adquirida. As características clínicas desse tipo de afasia se
manifestam de forma diferente nas crianças e nos adultos. Em particular são
duas as diferenças mais importantes. A primeira, é que o processo de
recuperação é mais rápido e complexo nas crianças (Lenneberg, 1967). A segunda,
na maioria dos casos, na afasia adquirida na infância há a perda da fluência,
há traços de mutismo e há a falta de espontaneidade na fala (Alajouanine e
Lhermitte, 1965; Hecaen, 1976; Fletcher e Taylor, 1984). Além disso, com raras
exceções a afasia adquirida na infância não apresenta os mesmos sintomas da
afasia clássica, descrita nos adultos.
Embora
existam várias informações na literatura. Os sintomas mais encontrados nos
estudos clássicos para caracterizar a afasia adquirida na infância incluem
mutismo inicial (diminuição da espontaneidade na fala) seguido de um período de
redução na iniciativa da fala; sintaxe simplificada (expressão telegráfica);
habilidades de compreensão prejudicada (particularmente no primeiro estágio do
problema); prejuízo na nomeação; disartria; e distúrbios na leitura e escrita
(já num estágio mais avançado). A maioria dos autores sugere que a afasia
fluente e as desordens na linguagem oral como parafasias verbais e literais,
logorréia e perseverações, raramente são encontradas nas crianças como afasia
adquirida. Isso é, de qualquer jeito, evidenciado para sugerir que a idade da
criança pode interferir nos sintomas que vão aparecer. Alguns autores têm a
opinião de que, em primeiro lugar, as afasias não-fluentes ocorrem
predominantemente em crianças que apresentam o início da afasia com menos de 10
anos de idade (Poetzl, 1926; Guttmann, 1942; Alajouanine e Lhermitte, 1965).
Por exemplo, Alajouanine e Lhermitte (1965) descobriram que as características
marcantes da afasia adquirida em crianças menores de 10 anos incluem diminuição
da compreensão, prejuízo severo da escrita e não-logorréia, parafasias ou
perseverações. Esses mesmos autores informaram que esse tipo de afasia em
crianças com mais de 10 anos de idade é a forma mais comum de afasia, com
parafasias, menor freqüência de problemas articulatórios, desintegração
fonética e distúrbios da linguagem escrita. Outros autores são de opinião que a
afasia não fluente é o tipo de afasia presente tanto em crianças mais velhas
com em mais novas (Basser, 1962; Benson, 1972; Assal e Campiche, 1973; Hecaen,
1976). Nos últimos anos, a descrição clássica sobre afasia adquirida na
infância tem sido questionada por estudos que provaram que a afasia fluente com
parafasias pode ser apresentada por crianças em estágio inicial.
As
crianças com lesões que envolvem o centro posterior da linguagem apresentam uma
menor freqüência de afasia fluente do que os adultos com o mesmo tipo de lesão.
A
ocorrência da redução na capacidade de expressão oral, escrita e gestual tem
sido relatada em crianças com afasia adquirida (Alajouanine e Lhermitte, 1965).
Estudos indicam que o mutismo é o primeiro sintoma que aparece nesse tio de
afasia.
Seguindo o período de mutismo, onde a fala retorna, encontramos frequentemente,
um período durante o qual a criança não se encontra disposta a falar (Guttmann,
1942; Alajouanine e Lhermitte, 1965). Esse período tem sido descrito como
representando uma perda ou redução da “iniciativa da fala” (Hecaen, 1976,
1983). São necessários aumento do incentivo e estímulo nesse período para que a
criança produza as palavras que formos capazes.
Aram
Ekelman e Whitaker (1986) estudaram a espontaneidade na sintaxe da fala de
16 crianças com lesões cerebrais adquiridas tanto no hemisfério esquerdo
como no direito e comparou os resultados com sujeitos de um grupo-controle
apropriadamente selecionados. Esses autores descobriram que crianças com lesão
unilateral no hemisfério esquerdo se encontram pior na produção de sintaxes
usadas (incluindo estruturas de sentenças simples e complexas) do que no
controle do assunto falado. Especificamente, as crianças com lesão nesse
hemisfério têm um período menor de compreensão das expressões baixo pontos no
desenvolvimento das seqüências, menor porcentagem do total das sentenças
corretas, menor número de verbos principais e interrogações, usam de poucas
sentenças com conjunções e têm uma boa porcentagem na produção das sentenças
complexas em comparação com as crianças do grupo-controle. Por outro lado, a
limitação da sintaxe das crianças com lesão no hemisfério direito causa
primeiramente erros na produção das sintaxes simples e são menos severos do que
os erros sintáticos encontrados em pessoas com lesão no lado esquerdo. Eles
apresentavam um período menor de compreensão das expressões, produziam maior
número de erros do desenvolvimento inicial da linguagem do que os sujeitos do
grupo-controle.
Embora
haja acordo de que os problemas de linguagem expressiva sejam comuns em
crianças com afasia adquirida, eles têm sido bastante debatidos nos últimos
anos no que diz respeito à presença de déficit na compreensão, nesse grupo de
crianças. A maioria das pesquisas recentes nesse campo considerou o prejuízo na
capacidade de compreensão como sendo raro em crianças com afasia adquirida
(Bernhardt, 19885; Guttmann, 1942). Alajouanine e Lhermitte (1965) relataram à
presença de prejuízo na compreensão em cerca de um terço dos casos analisados
por eles. Foi sugerido por Hecaen (1976, 1983) que, quando estão presentes
distúrbios na compreensão, ocorrem exclusivamente nos primeiros estágios e
desaparecem rapidamente e, em alguns casos, completamente.
A
diminuição verbal ou o empobrecimento do léxico é outro sintoma da afasia
adquirida na infância (Bernahrdt, 19885; Alajouanine e Lhermitte, 1965;
Collingnon, Hecaen e Anerlerques, 1968). Isso foi divulgado por Hecaen (1983)
como acontecendo em estágios mais avançados. Ele relatou que 44% da sua
amostragem tinham problemas de nomeação (não de parafasias), que tendem a
persistir. De fato, Hecaen (1983) observou que problemas de nomeação estão
normalmente presentes quando a criança volta à escola, e este problema é sempre
explicitamente mencionado nas suas avaliações escolares.
A
incerteza é logo notada na fala dessas crianças por vários autores (por
exemplo, Benhardt, 19885; Guttmann, 1942). É possível que isso seja resultado
da disartria às vezes encontrada nessas crianças (Gurrmann, 1942; Hecaen, 1976,
1983), ou o resultado de problemas na escolha das palavras que ocorrem nesses
casos.
Uma vaga desordem referida a
“problema na leitura” é frequentemente incluída pelos autores na lista de
sintomas característicos de uma afasia adquirida na infância. Alajouanine e
Lhermitte (1965), por exemplo, encontraram a presença de “problemas na leitura”
em 18 das 32 crianças estudadas. Infelizmente, a maioria dos estudos
encontrados nas literaturas não se tem esforçado para determinar a natureza do
distúrbio de leitura em todos os seus detalhes, mas somente em documentar as
conclusões.
O
déficit na escrita também é uma característica comum na afasia adquirida na
infância (Branco-Lefevre, 1950; Alajouanine e Lhermitte, 1965; Hecaen, 1976,
1983). Alajouanine e Lhermitte observaram que a linguagem escrita das 32
crianças estudadas por eles estava prejudicada, com distúrbio severo na escrita
espontânea, no ditado e em cópia em mais da metade das crianças testadas. Em 25
% dos casos, somente a cópia estava íntegra. Disortografia (os erros de escrita
eram frequentemente baseados em distúrbios fonéticos) era também encontrada em
escrita espontânea e no ditado de números (cinco em 32 casos). Hecaen
(1976) descreveu o distúrbio na escrita como sendo o mais freqüente, o mais
persistente e o mais variável de todos os sintomas dessa afasia.
A
afasia fluente foi estudada por Van Donen, Loonen e Van Donen (1985) em três
dos 27 casos de crianças com afasia adquirida que freqüentaram seus
consultórios por períodos maiores do que quatro anos. Seus estudos demonstram
que a afasia fluente que ocorre em adulto pode ocorrer em crianças menores de 10
anos e, consequentemente, eles mudaram suas visões de que a afasia adquirida é
sempre não-fluente e livre de parafasias. Embora essas três crianças tivessem
lesões posteriores, esses autores enfatizaram que a afasia fluente em crianças
nem sempre é resultado de lesões posteriores.
O caso
de afasia de Wernicke num garoto de 10 anos de idade resultante de um simples
herpes encefálico foi descrito por Van Hout e Lyon (1986). Os sintomas
existentes nesse caso eram semelhantes aos adultos com afasia de Wernicke e
incluía um déficit severo na compreensão, a produção de jargões, logorréia e
anosognosia.
Visch-Brink e Van de Sandt-Koenderman (1984) sugeriram que é possível a
presença ou não do neologismo na fala espontânea de crianças com afasia
adquirida, dependendo do estágio em que essas foram examinadas. Em seu estudo,
as crianças foram examinadas dentro de poucos dias e os neologismos
registrados. Por outro lado, Alajouanine e Lhermitte (1965) fizeram essas
observações em diversos meses após o problemas e não registraram a presença de
neologismo na fala espontânea das crianças. É possível, portanto, que pelo
tempo que os sujeitos foram estudados, o número de sintomas, incluindo a
presença de neologismo, tenha desaparecido.
RECUPERAÇÃO DA AFASIA ADQUIRIDA NA
INFÂNCIA
As
consequências das lesões cerebrais nas crianças são geralmente consideradas
como menos graves do que nos adultos (Basser, 1962; Teuber, 1975).
Consequentemente é geralmente aceito que o prognóstico para recuperação nas
crianças é bem melhor do que o esperado nos adultos (Guttmann, 1942; Basser,
1962; Alajouanine e Lhermitte, 1965; Lenneberg, 1967).
Outra
explicação dada para a freqüência de uma boa recuperação nas crianças com
afasia adquirida é de que ambos os hemisférios apresentam mecanismos para a
linguagem e, assim sendo, a linguagem não precisa ser reaprendida pelo
hemisfério não-dominante. Em circunstâncias normas, na maioria das crianças, os
mecanismos da linguagem no hemisfério direito são inibidos pelos do lado
esquerdo, já que somente o hemisfério esquerdo desenvolve as funções complexas
da linguagem de forma completa. De acordo com isso, o dano no hemisfério
esquerdo em crianças causa “um desengate na inibição” no hemisfério direito,
permitindo que este assuma um ótimo papel no funcionamento da linguagem.
Concomitantemente, os distúrbios neurológicos representam outra variável que
tem sido implicada como um fator que influencia na recuperação das crianças com
afasia adquirida. Como nos casos onde o prognóstico varia, os artigos da
literatura relatam à importância dos sinais neurológicos associados como sendo
prognóstico indicador, tendendo a ser contraditório. Lange-Cosack e Tepfner
(1973) afirmaram que é mínimo ou não-recorrente o número de pessoas com afasia
adquirida, que tenha ficado de coma por mais de sete dias. Por outro lado,
Hecaen (1976) questionou a importância do estado de coma na indicação do
prognóstico nesses casos; ele não conseguiu demonstrar a relação clara entre a
ocorrência e a duração do coma e a severidade e persistência do déficit de
linguagem.
Embora
um número de fatores diferentes tenha sido sugerido como sendo um prognóstico
significante nas afasias adquiridas, geralmente tem uma quantidade insuficiente
de informações disponíveis para determinar qual desses fatores são favoráveis
ou desfavoráveis para a recuperação.
AFASIA DE DIFERENTES ETIOLOGIAS
ADQUIRIDA NA INFÂNCIA
As
características clínicas gerais da afasia adquirida na infância, descritas
previamente, são em grande parte baseadas nos estudos com crianças afásicas de
várias etiologias, incluindo trauma, lesões vasculares, tumores, infecções e
distúrbios convulsivos. Assim como a etiologia influencia o prognóstico para
recuperação da função da linguagem, existem algumas evidências de que a
etiologia também tem uma influência importante no tipo de afasia apresentada.
Há uma possibilidade de verificar-se que os efeitos das lesões na linguagem com
começo demorado (tumores) não são os mesmos do que nas lesões com começo rápido
(acidentes vasculares cerebrais e traumatismo cerebral). Crianças que sofreram
traumatismo craniano, tipicamente, apresentam déficit expressivo da linguagem e
uma boa recuperação. Nos casos de afasia adquirida na infância, seguida de
lesão vascular, o prognóstico é pior e os sintomas da afasia, mais variáveis e
mais persistentes (Guttmann, 1942; Van Dongen e Loonen, 1977). Consequentemente
existe a necessidade de examinarem-se as características clínicas associadas à
afasia da infância, levando-se em consideração à etiologia.
CONCLUSÃO
Embora
se tenha acreditado, por um longo tempo, que a afasia adquirida na
infância era principalmente do tipo não-fluente, nos anos recentes acredita-se
que esse pensamento tenha mudado com estudos que vêm demonstrando que as
afasias fluentes podem ser observadas em crianças, se os exames da linguagem
forem feitos precocemente. Pode-se dizer, agora, que a etiologia não determina
o tipo de afasia em crianças. Claramente existe necessidade de
maiores investigações para maior esclarecimento das características específicas
dos déficits de fala-linguagem associados a vários distúrbios neurológicos que
podem causar afasia adquirida na infância.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Assumpção Jr. F. b. & Curátolo E. Psiquiatria Infantil – Guia Prático;
Baruari, SP: Manole, 2004.
Murdoch B. E. Desenvolvimento
da Fala e Distúrbios da Linguagem – Uma abordagem neuroanatômica e
neurofisiológica; Rio de Janeiro, RJ. Revinter Ltda, 1997.
Lopes F. O. Tratado
de Fonoaudiologia; São Paulo, SP: ROCA, 1997.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Afasia Infantil
Os quadros de afasia instalam-se abruptamente, como
consequência de lesões no cérebro provocadas por traumas ou acidentes
vasculares cerebrais (AVC), popularmente conhecidos como derrames cerebrais. De
uma hora para outra, o afásico perde a capacidade de compreender ou formular a
linguagem. Deixa de falar e de entender o que dizem as pessoas ao redor. É como
se estivesse ouvindo uma língua estrangeira, desconhecida. Ou, ao contrário,
embora compreenda o que está sendo dito, não consegue fazer-se entender. Em
alguns casos, é capaz de formar frases, mas omite artigos e termos de ligação,
como preposições e conjunções, ou perde o domínio da palavra que designa
animais ou objetos corriqueiros, como cadeira e cachorro, por exemplo, e sua
expressão oral assume aspectos telegráficos.
Essas alterações da fala podem ocorrer também na escrita e
são sintomas de lesões cerebrais que afetam a área para onde convergem os
neurônios responsáveis pelo controle da linguagem e variam muito de um paciente
para outro.
Fonte: http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/11410/
sábado, 6 de outubro de 2012
Programação para outubro de 2012
06/10 - Estudo científico sobre Afasia Infantil.
13/10 - Feriadão.
20/10 - Finalização do trabalho científico Afasia Infantil e entrega do resumo para a coordenação.
29/10 - IV Semana de Saúde, Tecnologia e Ciência na FATECI.
* A programação poderá ser alterada de acordo com a necessidade do grupo.
13/10 - Feriadão.
20/10 - Finalização do trabalho científico Afasia Infantil e entrega do resumo para a coordenação.
29/10 - IV Semana de Saúde, Tecnologia e Ciência na FATECI.
* A programação poderá ser alterada de acordo com a necessidade do grupo.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
LEI Nº 6.965, DE 09 DE DEZEMBRO DE 1981
Definição oficial do que é ser fonoaudiólogo
Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Fonoaudiólogo, e
determina outras providências.
O PRESIDENTE
DA REPÚBLICA
Faço saber
que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É
reconhecido em todo território nacional o exercício da profissão de
Fonoaudiólogo, observados os preceitos da presente Lei.
Parágrafo
único. Fonoaudiólogo é o profissional, com graduação plena em Fonoaudiologia,
que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológica na área da
comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento dos
padrões da fala e da voz.
Art. 2º Os
cursos de Fonoaudiologia serão autorizados a funcionar somente em instituições
de ensino superior.
Parágrafo
único. O Conselho Federal de Educação elaborará novo currículo mínimo para os
cursos de Fonoaudiologia em todo o território nacional.
Art. 3º O
exercício da profissão de Fonoaudiólogo será assegurado:
a) aos
portadores de diploma expedido por curso superior de Fonoaudiologia oficial ou
reconhecido;
b) aos
portadores de diploma expedido por curso congênere estrangeiro, revalidado na
forma da legislação vigente;
c) aos
portadores de diploma ou certificado fornecido, até a data da presente Lei, por
cursos enquadrados na Resolução nº 54/76, do Conselho Federal de Educação,
publicada no Diário Oficial da União, de 15 de novembro de 1976:
§ 1º Os
portadores de diploma ou certificado de conclusão de curso teórico-prático de
Fonoaudiologia, sob qualquer de suas denominações - Logopedia, Terapia da
Palavra, Terapia da Linguagem e Ortofonia, bem como de Reeducação da Linguagem,
ministrado até 1975, por estabelecimento de ensino oficial, terão direito ao
registro como Fonoaudiólogo.
§ 2º Serão
assegurados os direitos previstos no art. 4º aos profissionais que, até a data
da presente Lei, tenham comprovadamente exercido cargos ou funções de
fonoaudiólogo por prazo não inferior a 5 (cinco) anos.
Art. 4º É da
competência do Fonoaudiólogo e de profissionais habilitados na forma da
legislação específica:
a)
desenvolver trabalho de prevenção no que se refere à área da comunicação
escrita e oral, voz e audição;
b) participar
de equipes de diagnóstico, realizando a avaliação da comunicação oral e
escrita, voz e audição;
c) realizar
terapia fonoaudiológica dos problemas de comunicação oral e escrita, voz e
audição;
d) realizar o
aperfeiçoamento dos padrões da voz e fala;
e) colaborar
em assuntos fonoaudiológicos ligados a outras ciências;
f) projetar,
dirigir ou efetuar pesquisas fonoaudiológicas promovidas por entidades
públicas, privadas, autarquias e mistas;
g) lecionar
teoria e prática fonoaudiológicas;
h) dirigir
serviços de fonoaudiologia em estabelecimentos públicos, privados, autárquicos
e mistos;
i)
supervisionar profissionais e alunos em trabalhos teóricos e práticos de
Fonoaudiologia;
j) assessorar
órgãos e estabelecimentos públicos, autárquicos, privados ou mistos no campo da
Fonoaudiologia;
l) participar
da Equipe de Orientação e Planejamento Escolar, inserindo aspectos preventivos
ligados a assuntos fonoaudiológicos;
m) dar parecer
fonoaudiológico, na área da comunicação oral e escrita, voz e audição;
n) realizar
outras atividades inerentes à sua formação universitária pelo currículo.
Parágrafo
único. Ao Fonoaudiólogo é permitido, ainda, o exercício de atividades
vinculadas às técnicas psicomotoras, quando destinadas à correção de distúrbios
auditivos ou de linguagem, efetivamente realizado.
Art. 5º O
exercício das atividades de Fonoaudiólogo sem observância do disposto nesta Lei
configurará o ilícito penal, nos termos da legislação específica.
Art. 6º Ficam
criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fonoaudiologia - CFF e
CRF - com a incumbência de fiscalizar o exercício da profissão definida nesta
Lei.
§ 1º O
Conselho Federal e os Regionais a que se refere este artigo constituem, em
conjunto, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Trabalho.
§ 2º O
Conselho Federal terá sede e foro no Distrito Federal e jurisdição em todo o
País, e os Conselhos Regionais terão sede e foro nas Capitais dos Estados, dos
Territórios e no Distrito Federal.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Quem é o fonoaudiólogo?
O fonoaudiólogo é um profissional de
Saúde e Educação, com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua de forma
autônoma e independente nos setores público e privado. É responsável pela
promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia
(habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da
função auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e
escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e dos sistemas mio
funcional, orofacial, cervical e de deglutição. Exerce também atividades de
ensino, pesquisa e administrativas.
Onde o fonoaudiólogo atua?
O fonoaudiólogo é atuante em unidades
básicas de saúde, ambulatórios de especialidades, hospitais e maternidades,
consultórios, clínicas, home care, domicílios, asilos e casas de saúde, creches
e berçários,
- escolas regulares e especiais,
instituições de ensino superior, empresas,
- veículos de comunicação (rádio, TV e
teatro) e associações.
Quais as especialidades da Fonoaudiologia?
Cinco especialidades são hoje
reconhecidas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia:
Audiologia. Por meio da audição é que se
adquire, normalmente, a comunicação oral. Doenças na gestação, infecções de
ouvido, uso indiscriminado de medicamentos, exposição a ruídos intensos e
outros podem causar alterações auditivas, comprometendo a comunicação e a
qualidade de vida do indivíduo.
Linguagem. É a especialidade que
trabalha com os aspectos que envolvem a comunicação oral e escrita. O seu
desenvolvimento dá-se desde a infância até a idade adulta. Pessoas com
problemas de comunicação (expressão e compreensão) podem ter dificuldades na
sua integração social e profissional.
Motricidade. Nesta
especialidade, o fonoaudiólogo habilita/reabilita funções relacionadas a
respiração, sucção, mastigação, deglutição, expressão facial e articulação da
fala, propiciando melhores condições de vida e de comunicação.
Saúde Coletiva. É um campo da
Fonoaudiologia voltado a construir estratégias de planejamento e gestão em
saúde, no campo fonoaudiológico, com vistas a intervir nas políticas públicas,
bem como atuar na atenção à saúde, nas esferas de promoção, prevenção, educação
e intervenção, a partir do diagnóstico de grupos populacionais.
Voz. Representa a identidade do
indivíduo, pois expressa seus sentimentos. É produzida pelas pregas vocais e
quando estas não funcionam adequadamente, a voz é alterada, podendo ficar
rouca, abafada, soprosa, comprometendo o trabalho e a vida pessoal. O
fonoaudiólogo previne, avalia e trata os problemas da voz falada (disfonias),
cantada (disonias) e ainda aperfeiçoa os padrões vocais.
Qual é a origem da profissão?
A Fonoaudiologia é uma ciência
estudada de forma sistemática nas universidades em mais de uma centena de
países do mundo e existe formalmente há mais de um século. A primeira
referência formal é de 1900, quando a Hungria reconheceu a profissão e criou a
primeira faculdade de Fonoaudiologia no mundo.
No Brasil, sua história é ainda mais
antiga, se considerada a sua associação com a da Educação Especial. A
primeira marca identificatória da profissão é da época do Império, com a
criação, em 1854, do Imperial Colégio, voltado para meninos cegos (hoje,
Instituto Benjamim Constant), seguido, no ano seguinte, com a criação do
Colégio Nacional, destinado ao ensino dos deficientes auditivos. Em 1912,
documentos comprovavam que a Fonoaudiologia já se diferenciava da educação
especial, com o início de pesquisas específicas, relacionadas aos distúrbios da
voz e da fala, e com a implantação de cursos de orientação a professores.
Quando foi regulamentada no Brasil?
Desde a década de 30 já se detectava a
idealização da profissão de Fonoaudiólogo, oriunda da preocupação com a
profilaxia e a correção de erros de linguagem apresentados pelos escolares.
Três décadas se passaram até que se
desse início ao ensino da Fonoaudiologia no país. Isto ocorreu na década de 60,
com a criação dos cursos da Universidade de São Paulo (1961), vinculado à
Clínica de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina, e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1962), ligado ao
Instituto de Psicologia. Ambos ainda estavam voltados à graduação de tecnólogos
em Fonoaudiologia.
Nos anos 70, tiveram início os movimentos pelo reconhecimento dos cursos e da
profissão. Foram criados, então, os cursos em nível de bacharelado. O da
Universidade de São Paulo foi o primeiro a ter seu funcionamento autorizado, em
1977. Hoje são 31 os cursos reconhecidos no país.
Sancionada em 9 de dezembro de 1981,
pelo então presidente João Figueiredo, a Lei n° 6965, que regulamentou a
profissão de Fonoaudiólogo, veio ao encontro dos sonhos de uma categoria
profissional, que ansiava ser reconhecida. Além de determinar a competência do
Fonoaudiólogo, com a lei foram criados os Conselhos Federal e Regionais de
Fonoaudiologia (hoje os Regionais são em número de sete; o da 2ª. Região possui
jurisdição sobre o Estado de S.Paulo), tendo como principais finalidades a
fiscalização e orientação do exercício profissional. As atividades dos
Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia tiveram início efetivo em 1983.
Em 15 de setembro de 1984 foi aprovado
o primeiro Código de Ética da profissão, que elencava os direitos, deveres e
responsabilidades do Fonoaudiólogo, inerentes às diversas relações
estabelecidas em função de sua atividade profissional. Este texto foi revisado
em 1995, em decorrência do crescimento da profissão, da ampliação do mercado de
trabalho do fonoaudiólogo e da maior conscientização da categoria.
Inclusão escolar - O papel do fonoaudiólogo em questão
Frente ao novo paradigma da inclusão de crianças
especiais no ensino regular, o fonoaudiólogo cada vez mais tem exercido papel
fundamental na orientação dos educadores sobre o papel da linguagem no processo
de alfabetização. Encontramos no discurso dos educadores falas como "ele
não fala, como vai poder escrever e acompanhar a turma?", "como posso
eu trabalhar com ele sem deixar os outros de lado?". Essas falas mostram o
quanto essas crianças permanecem à margem do processo escolar, tanto por suas
dificuldades específicas, tanto pela dificuldade do professor em acolhê-las. É
nesse momento que o fonoaudiólogo entra em cena acolhendo esses alunos,
orientando os educadores e abrindo possibilidades de significação para as
"coisas sem sentido" que trazem esses alunos.
Vemos assim que o fonoaudiólogo não é aquele que apenas
identifica sintomas clínicos dentro da escola (via triagens) e encaminha essas
crianças para o atendimento clínico. Nosso objetivo vai além disto. Propomo-nos
ser parceiros da escola, acolhendo as angústias dos educadores, dos pais e das
crianças. O fonoaudiólogo atua na possibilidade de circular sentidos,
significantes que, às vezes, se mostram fixos na fala dos pais e educadores,
como por exemplo "ele não vai aprender nada porque tem Síndrome de
Down". Será que a criança precisa ficar nesta posição ou ela pode ganhar
outro lugar?
Como diz a Ana Cláudia Navarro Lins, "um lugar na
escola faz diferença". As crianças quando estão na escola, se beneficiam
do encontro com a cultura, com a troca e com a circulação social que a escola
prevê e na maioria das vezes as crianças participam com as outras crianças e
suas necessidades são tão especiais quanto às de qualquer criança: aprender,
brincar, desenhar, contar histórias.É muito difícil para as pessoas envolvidas
com a criança, pais e educadores, lidar com os diferentes impasses que a
criança com necessidade educativa especial passa. Ás vezes, elas estacionam no
seu processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem oral e/ou escrita.
Esses alunos escapam à possibilidade de serem significados no discurso da
equipe justamente por apresentarem comportamentos estranhos ao ideal do
educador que não consegue mais dar sentido para as produções da criança.O
fonoaudiólogo procura, nesse sentido, apontar para outras possibilidades,
acompanhando e orientando a equipe de como a linguagem pode passar a circular
na fala da criança e do outro que a acompanha nesse processo. É necessário que
acompanhemos tanto o aluno quanto à equipe. Apostamos que o professor possa ser
"companheiro" da linguagem dessas crianças. Que ele reconheça na fala
da criança, nos gestos, no próprio "erro", a presença da criança, de
um sujeito na linguagem. Essa posição da criança pede apenas interpretação e
não forma de superação.É assim que esperamos contribuir com o conhecimento da
Fonoaudiologia, da linguagem, passando a considerar essas crianças também em
sua subjetividade e não se limitando as suas dificuldades orgânicas.
- ARANTES, L. Erro sintomático (ou não): a questão diagnóstica. In: Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 39, nº 3, p. 337-344, setembro, 2004.
- ANDRADE, L.; CARNEVALE, L. Níveis de descrição lingüística na abordagem de falas de crianças com retardo de linguagem. In: Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 39, nº 3, p. 331-336, setembro, 2004.
- COUDRY, M. H. Diário de Narciso. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
- DE VITTO, M. F. Fonoaudiologia: no sentido da linguagem. São Paulo: Cortez, 1994.
- MARIOTTO, R. M.M. Fonoaudiologia e Psicanálise: do que é possível no impossível da clínica terapêutica da linguagem. 2001, Tese de Mestrado, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba.
- VIEIRA, C. H. O sujeito entre a Língua e a Linguagem. São Paulo: Lovise, 1997.
VIEIRA, C.H.; FONSECA, S.C. A afasia e o problema de
convergência entre abordagens clínicas. In: Distúrbios da Comunicação. São
Paulo: Educ, 2004.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
FONOAUDIOLOGIA - quem somos.
A Fonoaudiologia ou Foniatria,
Terapia da fala, antes denominada logopedia é a ciência que
tem como objeto de estudo as funções neurovegetativas (mastigação, deglutição e
aspectos funcionais da respiração) e a comunicação humana, que é a função
neurológica mais complexa que o sistema nervoso pode processar, no que se
refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em
relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na
função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala,
na fluência, na voz, nas funções estomatognáticas, orofaciais e na
deglutição."
O
fonoaudiólogo é um profissional da saúde e atua em pesquisa, orientação,
perícias, prevenção, avaliação, diagnóstica e tratamento fonoaudiológico na
área da comunicação oral e escrita, voz, audição e equilíbrio, sistema nervoso
e sistema estomatognático incluindo a região cérvicofacial. Este profissional
tem ampla autonomia, não sendo subordinado ou mero auxiliar de outras áreas do
conhecimento ou especialidades, pode atuar sozinho ou em conjunto com outros
profissionais de saúde em clínicas, hospitais, centros especializados em
diagnósticos, institutos gerais de perícia, centros de referência em saúde do
trabalhador, como auxiliar do poder judiciário no âmbito das perícias judiciais
que envolvem a área da audição, fala e linguagem, equilíbrio e demais áreas
correlatas, nas esferas cível, trabalhista e criminal, em creches, escolas
(comuns e especiais) e comunidades, incluindo o Programa de Saúde da
Família, unidades básicas de saúde, unidades de referência para a média e alta
complexidade de procedimentos do SUS, emissoras
de rádio e televisão, teatro, atendimento domiciliar,
empresas de próteses auditivas, indústrias, centros de habilitação e
reabilitação, entre outros.
A
profissão possuiu seu Código de Ética, que elenca e disciplina os direitos,
deveres e responsabilidades do Fonoaudiólogo, inerentes às relações
estabelecidas em função de sua atividade profissional. De acordo com o código
de Ética da fonoaudiologia, no Brasil, constituem direitos gerais dos
Fonoaudiólogos inscritos nos Conselhos Regionais de Fonoaudiologia, nos limites
de sua competência e atribuições:
1. Exercício da
atividade sem ser discriminado;
2. Exercício
da atividade com ampla autonomia e liberdade de convicção;
3. Avaliação,
solicitação, elaboração e realização de exame, diagnóstico, tratamento e
pesquisa, emissão de parecer, laudo e/ou relatório, docência, responsabilidade
técnica, assessoramento, consultoria, coordenação, administração, orientação,
realização de perícia e demais procedimentos necessários ao exercício pleno da
atividade;
4. Liberdade
na realização de estudos e pesquisas, resguardados os direitos dos indivíduos
ou grupos envolvidos em seus trabalhos;
5. Liberdade
de opinião e de manifestação de movimentos que visem a defesa da classe;
6. Requisição
de desagravo junto ao Conselho Regional de Fonoaudiologia da sua jurisdição,
quando atingido no exercício da atividade profissional;
7. Consulta
ao Conselho de Fonoaudiologia de sua jurisdição quando houver dúvidas a
respeito da observância e aplicação deste Código, ou em casos omissos.
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